Ambição sem culpa - resenha crítica

Archambeau teve uma história de vida complicada. Nascida entre quatro filhos, viu a mãe se esforçar para cuidar de tantas crianças - ainda mais porque seu pai era funcionário da IBM e eventualmente toda a família precisava se mudar. Além dessas questões familiares, havia uma outra (e ainda mais dolorosa). Os Estados Unidos ainda passava por uma grande segregação racial, cujos efeitos Shellye sentia no seu dia a dia. Vamos compreender melhor como ela superou seus desafios pessoais e focou suas energias na construção de um plano de carreira que foi tão bem-sucedido que ela superou suas próprias expectativas.

Ligue para suas líderes de torcida

Provavelmente você já ouviu falar na famosa "Síndrome do Impostor". É quando começamos a duvidar de nossas habilidades e competências, e sabemos que é algo cada vez mais comum na sociedade moderna. Graças ao emprego de seu pai, Shellye precisou trocar de escola com uma certa frequência durante sua infância e adolescência. Sendo sua educação uma prioridade para a família, seus pais faziam questão de se mudar para os bairros que pudessem lhe oferecer as melhores escolas, algo que naquela época significava que eram vizinhanças brancas.

Shellye reconhece que sofreu várias agressões por conta da cor de sua pele, e hoje compreende que muitas dessas violências a fizeram se sentir como se fosse menos que os outros, ou como se não merecesse ocupar aqueles espaços, e acabou desenvolvendo o que chamamos hoje de "síndrome do impostor". Como ela superou isso e conseguiu alcançar seus sonhos profissionais? Não foi exatamente sozinha. 

Durante seu tempo difícil no colégio, Shellye teve o apoio de seu professor de matemática, e aconselha a todos aqueles que estejam duvidando de si mesmos a buscarem o apoio de alguém querido. Fale com um amigo de confiança, entre em contato com a sua família, divida seus anseios e deixe que eles falem suas qualidades. É importante escutar o que alguém em quem confiamos pensa honestamente sobre nós, e, ao externar nossos conflitos internos, podemos olhar para eles de modo menos emotivo. Ou seja, tenha uma rede de apoio que sirva como verdadeiros líderes de torcida.

Planeje sua vida

Saiba o que você quer, e depois trace seu caminho até lá. Essa é uma das grandes lições que a autora nos propõe em seu livro. A partir do momento em que você tem suas prioridades bem definidas, você pode fazer escolhas inteligentes para garantir que seu objetivo seja alcançado. Quanto a isso, Shellye teve um grande exemplo em sua casa.

Ao ver como era cansativa a rotina de sua mãe, a autora decidiu que jamais teria filhos, e decidiu dividir o pensamento com a sua mãe, expondo como acreditava que a vida que a mulher era cheia de sacrifícios. Foi quando sua mãe, que contava trocados e costurava a roupa das crianças para que durassem mais,  comunicou à família que iria comprar um cavalo que Shellye entendeu. Sua mãe nunca sacrificou nada que lhe fosse importante, ela fazia trocas inteligentes que lhe proporcionaram o seu desejo: o de ter um cavalo.

A menina compreendeu que era isso que a tornaria uma pessoa bem-sucedida em qualquer área que ela colocasse como prioridade em sua vida. Poderia ser sua carreira, a vida familiar, social, desde que ela tivesse um objetivo muito claro para si mesma, ela sabia que poderia alcançá-lo eventualmente, com tanto esforço e dedicação quanto sua mãe. Agora vamos ver como colocar isso em prática.

Foque na integração, e não no equilíbrio

Já passamos da metade desse microbook…Sonhamos com a ideia de uma vida equilibrada, em que temos tempo de dar atenção total à nossa família, trabalho, colegas, amigos, e buscamos o equilíbrio perfeito, mas, spoiler: ele não existe. Em vez de buscar  o equilíbrio, e se frustrar, a autora nos recomenda a integração. Não procure momentos ou oportunidades perfeitas, crie tais oportunidades. Chame seus amigos para conversar enquanto se exercitam, convide colegas para jantar, crie as oportunidades e lembre: seus planos para o futuro são planos para sua vida, portanto deve abranger todas as áreas dela.

Faça sua própria reputação

Sim, o que falam, como falam e o quanto falam sobre você importa. Portanto, apareça, se faça presente, pois isso pode afetar mais diretamente do que você imagina suas oportunidades futuras.

Ponto importante: Não controlamos como a nossa reputação chega para as outras pessoas, mas podemos escolher pontos-chave para focar. Um exemplo prático seria se vestir profissionalmente. É uma ação que, por si só, não quer dizer muito sobre seu valor numa empresa ou a respeito de suas qualificações, mas entendemos que estamos num mundo em que a aparência importa mais do que deveria. Seja inteligente e escolha suas batalhas.

Faça questão de dividir suas conquistas, suas dúvidas, e lembre-se: você é seu maior advogado, então faça sua causa ser conhecida.

Sem culpa

A autora entende que sua vivência, como mulher, dificultou boa parte de sua busca pela carreira dos sonhos. Existe ainda uma expectativa na sociedade de como uma mulher deve agir, o que ela deve aspirar, e ainda, o que ela deve priorizar. E, por bastante tempo, isso também afetou Shellye. Mulheres que falam o que querem são muitas vezes lidas como "intimidantes" ou, até mesmo, "mandonas", mas não se pode dizer o mesmo sobre os homens - quando eles fazem o mesmo eles são "assertivos" ou "decididos".

O que a CEO tem a dizer sobre isso é: deixe muito claro para todos o que você quer! Diga suas aspirações alto, afinal, nunca sabemos quem pode estar ouvindo, quem pode ter um contato, uma dica preciosa, ou apenas palavras de apoio. Saiba o que você quer, e mais, se orgulhe de querer aquilo.    

Notas finais

"Ambição sem culpa" é um livro inteligente, contado pelo olhar único de uma figura notável do nosso tempo. São palavras de apoio e encorajamento para o leitor que se sente perdido diante de todas as possibilidades que existem hoje em dia.

Dica do 12min

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